Contemplação

Contemplação

sábado, 19 de janeiro de 2013

Ciça



(texto escrito em 25/08/12) 


Não sei se digo se “já” faz um ano, ou se digo “só faz” um ano. Nesse seu tempo ausente (ou numa nova forma física), o tempo pelo menos para mim tem tomado uma dimensão diferente.
  Depois da dor profunda e das lágrimas derramadas quando soube da notícia da sua partida, tive um ano muito bom, muito bom mesmo. E tal situação me faz crer e sentir uma diferença na forma como o tempo corre. Logo, ao meu ver parece que a sua mudança se deu há muito mais tempo.
  Falando dessa sua mudança, confesso que ainda não entendi a lógica da coisa. É estranho, e quem sou eu para achar algo de uma vida que nem conheço direito, mas a forma como se deu a sua passagem ainda me dói. Sei que agora isso para você já nem importa, e espero que estejas bem melhor do que estavas quando morava no nosso plano, mas ainda assim...sei lá. Como te disse quando da sua partida, o que mais me consola é saber que você está novamente nos braços do teu pai, e que está em paz e feliz por estar com ele. Falando em braços, você ainda me deve um abraço. Cobrarei, sem nenhum pudor, quando possível for.
  Uso esse meio para me dirigir à você apenas de forma simbólica, por saber do apreço que tinhas por ele, assim como te homenageio com uma música por saber do amor que cultivavas por essa arte.
  Se a minha memória não falha, essa seria a primeira música do Milton que você ouviu. Achei justo coloca-la aqui, espero que goste.
  Sentimos a sua falta, apesar de saber que você vive em nós. Acho que nunca te falei isso pessoalmente, mas você me ensinou muito sobre a vida e sobre mim mesmo de uma forma absolutamente natural e espontânea. Jamais vou me esquecer disso e te agradeço muito por tudo.
  Fique bem, fique em paz e olhe por nós.
  Até um dia.



 

Pictures Of A City #2



Dignidade

  Somos acostumados a viver num certo padrão de limpeza e organização que fazem parte dos ensinamentos que desde quando nos entendemos por gente ouvimos dos nossos pais. Mas o ser humano às vezes, dada às circunstâncias da vida, perde totalmente esse “senso”.

  Esse fenômeno é visto facilmente, basta abrirmos os olhos para a realidade que nos cerca.

  Não é nem um pouco difícil ver por aí moradores de rua vivendo basicamente em uma condição sub-humana, em meio à sujeira e intempéries do tempo. Além disso, muitas vezes esses moradores ainda tem que se sujeitar à violência gratuita e nojenta de alguns jovens.

  De fato, não sei quanto a vocês, mas este que vos escreve quando imagina a figura de um mendigo pensa logo em um homem ou mulher vestido (a) aos trapos, em meio à sujeira. Mas, como diria o velho ditado, toda regra tem a sua exceção.

  Minha faculdade (agora ex-faculdade) está localizada na avenida Brigadeiro Luiz Antônio, próxima ao centro de SP. Diariamente percorro um determinado trecho dessa via, e há um bom tempo uma certa situação me chama muito a atenção.

  Na altura do número 475 vive um mendigo que faz da calçada a sua alcova toda noite. Fato é que a organização e limpeza imposta por esse morador me surpreenderam enormemente.

  Pensem vocês que quase toda noite (não posso afirmar que tal situação se dê toda noite pois não vejo tal situação se desenrolando toda noite) ele LAVA a porção da calçada em que dorme, correspondente ao posto da Unimed. Não bastando, seus parcos pertences são organizados em sacos que são distribuídos e enfileirados em volta de sua “cama”. E o próprio morador se conserva limpo, com suas vestes limpas, sendo que dias atrás o vi com um pano molhado limpando as pernas.

 Como visto, dignidade não está no ambiente que nos cerca, e sim em nós mesmos.



Casais do Metrô

  O metro e a CPTM são palcos dos mais variados tipos. Roupas extravagantes, cabelos extravagantes e extravagâncias extravagantes (como o casal que literalmente “se pegou” na CPTM há uns tempos atrás) são facilmente vistos por lá.
  Mas uma facção de tipos que chamam muito a minha atenção são os casais apaixonados que circulam por aí, imprimindo quase uma “janela no tempo” no meio da correria do vai e vem de passageiros. Eu e minha amada mesmo já fomos esse contraponto algumas vezes, sendo que o nosso primeiro ato se deu num trem lotado da linha Rubi, quando demos nosso primeiro beijo, mais ou menos entre a estação Barra-Funda e Luz.
  Romancisses pessoais à parte, o que me cativa nesses casais é o astral de paz que deles emanam contrastando com o circo ao redor. São como pequenos pontos de alegria na carrancudisse diária dessa metrópole, pequenos fragmentos do que realmente importa em meio a um mar de stress.


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Retrospectiva 2012, perspectivas para 2013 e memórias dos Anos Incríveis.

Já se passam quase dois meses desde a minha última postagem.Ando meio preguiçoso,confesso,porém não paro de me cobrar novos textos nunca.Eram três idéias que me perseguiam: um texto sobre 2012, um sobre as perspectivas enevoadas de 2013 e um sobre uma recém descoberta ponte com meu passado.
Agora, as duas da manhã,me bateu uma disposição vinda do além para escrever.Então aproveito e faço logo um 3 em 1,juntando todas as idéias.

Começando por 2012,serei rápido e preciso.
Foi um ano TENSO.
 Estágio na Sabesp e TCC na facul foram os carros chefes de toda a tensão do ano.Não que o estágio tenha me causado dores de cabeça,mas de quando em quando aparecem aquelas surpresas que nos pegam desprevenidos,como toda boa surpresa, e causam algum atrito.Mas fazendo um resumo e uma análise crítica sobre esse período, foi uma experiência ÓTIMA.Quase perfeita.
Pude conviver em um ambiente muito legal com pessoas incríveis.Ouvi histórias fascinantes sobre as reviravoltas da vida,e pude sentir na pele conceitos que ouvi na faculdade sobre a interação da engenharia com a mecânica operacional.Parafraseando o guitarrista Carlos Santana, referindo-se às possibilidades musicais mostradas por Jimi Hendrix e sua guitarra, na faculdade a engenharia é como um filme visto em uma tv de 20 polegadas.No estágio,e principalmente no dia-a-dia com mecânicos,técnicos e dezenas de problemas vindos das mais improváveis causas, a engenharia toma ares de filme visto em cinema 3D com refinado sistema de som.É outra coisa,absolutamente diferente.Já sinto falta da rotina,das pessoas,das confusões.
O TCC foi um caso peculiar.Tive um exemplo belíssimo e válido para a vida inteira de COMO NÃO FAZER UM TRABALHO.Dores de cabeça,confusões,desgostos e a certeza de que se determinadas partes do grupo colaborassem conforme pedido o trabalho seria infinitamente mais fácil e mais coeso.Conseguimos a nota necessária,mas o gosto amargo na boca é inevitável.
De resto,tudo na mesma.A correria me afastou um pouco da família, e especialmente no fim do ano senti o peso da rotina.Ossos do ofício.
O namoro vai de vento em popa,graças a Deus.Tudo bem,tudo bom,tudo na maior paz.Os poucos textos que escrevi sobre tal no ano ilustram muito bem todo o amor e carinho que rolam entre eu e minha senhora.

2013 começa com uma névoa densa.Porque convenhamos,depois de 5 anos apoiado na certeza que de segunda a sexta no período noturno eu teria algo a fazer e me ver de repente sem nenhum compromisso é algo até assustador.O que fazer?Ver novela?
Bom,pelo menos alguns dias da semana já serão ocupados.Um curso de inglês me espera.Confesso,não queria fazer e não estou com a mínima vontade,mas a necessidade fala mais alto.
No ano passado,além de todas as surpresas do estágio,tive a minha primeira reunião internacional.Uma empresa americana que queria vender seus produtos para a Sabesp mandou dois representantes para nos mostrarem as vantagens dos seus equipamentos.A sensação de entender menos de 15% do que é dito em uma sala é terrível.Ainda bem que havia uma tradutora,pois se caso não houvesse,seria uma situação no mínimo engraçada.
Além disso,finda a faculdade agora me configuro como um engenheiro.É curioso pensar nisso,e confesso que não me sinto assim.Sei la porque,mas não me sinto.A ficha não caiu,ao que parece.
Mas me sentindo como tal ou não,preciso trabalhar.E esse trabalho é a GRANDE incógnita do ano.Quando virá,como será são questões que rondam dia após dia a minha mente.Beirei o desespero em alguns momentos,e olha que o ano nem começou direito.Creio que esse ponto será complicado,mas tentar manter a calma e levar a situação na esportiva é o melhor que tenho a fazer.Isso e manter meu namoro tranquilo e meus amigos por perto.

Mas o grande acontecimento desse início de ano, e que de certa forma está me dando um alento nesses dias em que a ansiedade tenta tomar conta de mim, é a minha aproximação com um eu mais magro,cheio de espinhas e tímido ao extremo.
É incrível, se ver em um espelho imaginário e relembrar as angústias passadas,as confusões que tinham proporções catastróficas mas que no final das contas não passavam de simples desentendimentos e todas as tormentas que um garoto de 12 anos enfrenta no período de grandes mudanças da vida.
Esse encontro se deu por meio da minha descoberta dos capítulos da série Anos Incríveis no Youtube.Para quem não conhece, essa série trata justamente da vida de um menino de 12 anos (Kevin Arnold).A série se passa em 1969,período de mudanças colossais na vida cultural do mundo todo.Agora imaginem como era ser pré-adolescente nessa época.
Assisti alguns,por enquanto estou no capítulo 20, e me vi refletindo e relembrando coisas passadas a muito tempo.Entendam esse muito tempo como algo em torno de 12 anos atrás.Na história do mundo é um período ínfimo,mas na minha vida foi um espaço de revoluções absurdas.
E sinceramente fico feliz ao relembrar tudo isso e ver que tive um crescimento completo.Tive as mais variadas confusões, sofri por paixões "avassaladoras",tive medos de fazer tremer todo o esqueleto,e,o mais importante de tudo, vivi tudo isso de coração aberto.Não guardei mágoas,rancores ou cicatrizes.Aprendi e cresci.

E creio que subliminarmente fica para mim mesmo um aprendizado, diante desse ano tão incerto e confuso.Se antes,quando pequeno e inexperiente,eu via tudo com uma esperança e uma fé inabaláveis, devo agora que sou mais crescido em pouco mais entendido ver tudo como antes.Crer,perseverar,ter medo sim mas continuar andando.

Que venha 2013!