Contemplação

Contemplação

domingo, 31 de outubro de 2010

Milton Nascimento e Lô Borges-Clube da Esquina II

A música tem uma linguagem própria,que vai muito além do que as palavras podem dizer.A verdadeira linguagem da música está no som propriamente dito,no que se tira dos instrumentos.E essa linguagem é impossível traduzir,pode apenas ser sentida.Um arranjo bem feito pode ser muito mais pungente que muita canção de protesto ou mais tocante que qualquer poema apaixonado.
E sendo amante da música,lógico que sou amante também das composições apenas instrumentais.Dentre tantas belas melodias que me passaram pela cabeça,achei melhor colocar essa aqui no blog,por ser de um compositor/cantor/instrumentista/semi-Deus que eu adoro e por ter uma melodia altamente significativa e comunicativa.Essa é a típica da música pra ser ouvida bem alto,de olhos fechados,prestando-se atenção a todos os detalhes.Espero que gostem.



segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Para Ser Feliz

Para ser feliz eu não preciso de muito
Necessito apenas de dias de Sol
E dias de chuva.
Para sentir o calor revigorante
E o clima melancólico dos dias cinzentos.

Para ser feliz não preciso de dinheiro
Preciso apenas da compania dos meus.
Dos amigos fiéis
Da família,meu porto seguro.

Para ser feliz não preciso de luxo
O simples
O singelo
Tudo isso me alegra.
De nada vale a riqueza
Para quem sabe transformar pó em ouro.

Para ser feliz não preciso de declarações rasgadas.
Aprendi a buscar o que está por detrás das palavras
Um sorriso,um brilho nos olhos
Me dão a resposta que almejo
Me enchem com a certeza que necessito.

Para ser feliz não dependo do outro
Conto apenas comigo mesmo.
Pois é pelos meus olhos que a vida passa
E pelas minhas mãos que meu destino escorre.

Para ser feliz necessito apenas da liberdade.
O ir
O vir
O se deixar prender por vontade.

Para ser feliz não preciso receber um "bom dia" diário.
Me faz mais feliz saber que você me lê toda manhã
E do meu "bom dia" enviado
Pode surgir um brilho diferente no mundo
Na forma dum sorriso iluminado.

Para ser feliz não preciso da sua presença constante
Livre sou,livre és
Necessito apenas do teu abraço
Quando a saudade for maior do que o esperado

E quando não for possível ser feliz
Ja não mais vida terei
Porque da vida faço a minha felicidade
E da felicidade,faço a minha vida.

Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro

Das coisas que eu vivi e de tudo que eu passei restaram marcas profundas.Não no sentido pejorativo,algo ruim.Não.São como pontos que marcam o período de mudança,o período em que meu caminho muda.Não costumo me arrepender das coisas que faço,quase nunca isso acontece.Mas dando uma olhada pro meu passado recente ,fico com uma coisa,um sentimento,uma vontade de ter feito diferente.Ter aproveitado certas oportunidades,ter tomado uma postura diferente.Gostaria de ter a visão que tenho hoje ha 4,5 anos atrás.Claro que muita coisa só vem com o tempo mesmo,isso é inegável.Mas determinadas posturas as vezes vem conosco desde quando nascemos.Quando não,a conquistamos ao longo do caminho.
Digo tais palavras poque hoje vejo com clareza certas coisas.E dessa clareza,me vem uma sensação que se traduz nesse verso,título do texto, da musica Sujeito de Sorte,do Belchior.Sim,eu gosto de algumas coisas do Belchior.Torçam seus narizes à vontade,não to nem aí.E é engraçado como esse verso me "pegou" desde a primeira audição.Lembro que estava até arrumando o meu quarto,pensando na vida,e ouvi esse verso.Foi como se fizesse CLICK!.Vi o resumo de tais pensamentos ali,em 7 palavras.
Pode até soar estranho,mas muitas vezes me senti morto.Apático,subalterno,olhando a vida com cara de paisagem.Mas hoje,depois de períodos comparados sabiamente a viagens à Nebraska,ganhei uma vida nova.Isso.É como se minha vida fosse maior,mais espaçosa.Me sinto livre,ativo,botando meu bloco na rua,dando a cara a tapa,errando,amando,vivendo e aprendendo.Aprendendo não pela observação,mas pela ação.Sendo ator principal,e não aplaudindo.

Apenas por curiosidade,posto aqui abaixo a letra e a musica tema desse post.




Presentemente eu posso me considerar um sujeito de sorte
Porque apesar de muito moço me sinto são e salvo e forte
E tenho comigo pensado deus é brasileiro e anda do meu lado
E assim já não posso sofrer no ano passado
Tenho sangrado demais, tenho chorado pra cachorro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro
Ano passado eu morri mas esse ano eu não morro



domingo, 24 de outubro de 2010

Emerson Fittipaldi

Esse com certeza será o post com o menor número de visitas desse blog.Principalmente levando-se em conta o público feminino.Mas tudo bem,A intenção não é ser pop.Tenciono com esse post declarar a minha admiração,pra não dizer adoração e devoção,ao bicampeão mundial de Fórmula 1,Campeão Mundial de Fórmula Indy,bicampeão das 500 Milhas de Indianápolis,o grande Emerson Fittipaldi,ou Emmo,ou Rato para os mais intimos.Emerson não só foi um grande piloto brasileiro,como foi o primeiro campeão brasileiro na Fórmula 1,abrindo o caminho para os outros pilotos e mostrando ao mundo o talento dos brasileiros.Não bastando isso,fundou junto com seu irmão Wilsinho a única equipe totalmente brasileira da Fórmula 1,a Copersucar-Fittipaldi,também conhecida como Escuderia Fittipaldi.Não contente,após o fim da sua jornada na F1,Emmo ainda foi para a Fórmula Indy,se tornando o primeiro sul-americano a vencer as 500 milhas de Indianápolis.E vencendo essa corrida,entrou para o seletíssimo grupo de pilotos que foram campeões na F1 e na prova mais tradicional do automobilismo.Até onde eu lembro,contando com o Emerson,são apenas 5 pilotos que alcançaram tal façanha.Vencer essa prova,para vocês terem uma idéia,seria o mesmo que o Palmeiras vencer o Corinthians por 10a0.Um feito notável e que sempre seria lembrando.Sacaram?
Deixo aqui uma sequência um pouco extensa,porém muito interessante e emocionante.São oito videos,sendo que os 7 primeiros são uma entrevista concedida pelo Emerson ao chato-mor Galvão Bueno,no seu programa da Sportv.O oitavo video refere-se as voltas finais das 500 Milhas de Indianápolis de 1989,vencida pelo Emmo.


















sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Vida (outono e primavera)

I

Era um senhor simples.Calça jeans meio batida,blusa preta lisa encobrindo uma camisa vermelho sangue.Porte magro,com um rosto marcado pelas agruras do tempo.Não era exatamente velho,tinha la seus 60 anos.Mas no olhar ja pousava o brilho da experiência,o jeito de olhar de quem ja não encherga a vida de uma forma superficial.
As mãos enrugadas contrastavam com a habilidade em lidar com um celular.Mostrava ao seu amigo determinada mensagem.Falava com um tom que demonstrava total certeza,aquela certeza de quem ja foi calejado pela vida.Termina a frase,da uma olhada de soslaio que deixaria Clint Eastwood com inveja,tamanho charme.Completando,saca de uma só vez um pente que conduz cuidadosamente aos cabelos pintados num tom castanho,remarcando suavemente as ondas antes feitas cuidadosamente.Uma,duas passadas,muda de lado.Uma,duas passadas,da aquela batida marota com o pente na mão esquerda,e guarda-o novamente.Braços abertos,costas encostadas no banco,relaxado,como quem diz : "Agora sim,estou vivendo".


II


Frio,muito frio.A fina blusa aparentemente não o proteje suficientemente,dado o vento que castiga a copa das árvores la fora.Da janela do ônibus vejo seus passos certos,precisos,confiantes.A calça ja fora de moda não parece o incomodar,muito pelo contrario.Boca de sino,cintura alta o caem muito bem,dão um tom nostalgico.Em par com os sapatos e blusa de linho negros,que divergem com a barba branca.Barba cheia,porém bem escanhoada,cuidadosamente tratada.E confiante ele segue,com um animo contagiante,esfregando as mãos,seguro de si.Forte.Vivo.




III


Ele é pequeno,não tem mais do que 1 metro.Passinhos curtos,vacilantes,de quem ainda não tem muita intimidade com o fato de ser bípede.Alegre,mas numa alegria tímida,contida.Me olha curioso,indeciso,a pouco mais de 3 metros da minha mesa.Finge brincar e me olha com o canto dos olhos,curioso.E se aproxima,cuidadoso,olhando para o chão.Ja não tem mais aquela desenvoltura dos bebês,que nos olham diretamente na face.Não,sente vergonha.Mas mesmo assim chega perto,se aproxima da minha mesa.Chega bem próximo,falo qualquer coisa pra ele.Ele me olha,ressabiado,quando a mãe o chama.Volta correndo pra perto da mãe,ávido por um pequenino pedaço de hambúrguer.Depois retorna,ja desinibido.Chega novamente ao meu lado.Trocamos mais algumas palavras,e ele se vai.Se despede com um beijo lançado ao ar,daquele jeito que só criança sabe fazer.E se vai,correndo.Pequeno sopro de vida,dando os primeiros passinhos na caminhada.






 IV



Ja se passa da uma da manhã.Chego em casa,cansado pelo caminho recém percorrido e pelo peso da mochila.Assim que coloco o pé no degrau da porta.vejo a sua pequena figura.
Envolta numa coberta,está de costas para a porta.Acomodada no sofá,ali está o pequeno fruto que esperamos por longos 9 meses.Falo baixinho,com medo de acordá-la.Bobagem,cuidado excessivo,tem o sono pesado.Me aproximo,ansioso.A vejo.Um anjo.Um anjo com semblante carregado,mal humorada,mas mesmo assim não deixa de ser um anjo.
Contemplo-a.Não ha como não se apaixonar.Juras mil faço em silêncio.
Silêncio.Por estar diante de uma vida recém iniciada,recém chegada ao mundo,me calo.Por sentir o tamanho do milagre ali,na minha frente,me calo.E contemplo.E entendo,e aceito.E amo.






OBS
:Falando em primavera,ha um ano atras a primavera invadiu o meu lar.No pequeno formato de um anjo mal humorado,como descrito acima,Deus colocou uma flor a mais na minha família.Maryana Lopes da Costa,ou Mary,o meu pequeno milagre cotidiano,ha um ano te contemplo,te entendo,te aceito e te amo.E assim será,ad infinitum.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Soneto-Bocage

Um tempo atrás vi esse soneto singelamente estampado numa parede da estação Tatuapé do Metrô.Achei-o devéras interessante,porquê mostra o total descontrole que temos sobre os nossos sentimentos.Ao que me parece,não tem título mesmo tal soneto.



Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n'alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas;

Razão feroz, o coração me indagas.
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas.

Cego a meus males, surdo a teu reclamo,
Mil objectos de horror co'a ideia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo.

Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.


Bocage


segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Hipocrisia

A um bom tempo atrás me ocorreu um fato no mínimo estranho.É fato consumado,acho que todos ja ouviram falar desse tipo de pensamento,mas eu pelo menos nunca tinha presenciado ao vivo.Estava eu,confortavelmente acomodado num daqueles bancos de ônibus projetados pra pessoas de 1,23 de altura onde é impossível colocar os joelhos numa posição no mínimo humanamente possível,quando senta ao meu lado uma senhora.Daquelas agradáveis mesmo,cheia de sorrisos e brincadeiras.Começamos a conversar,numa dessas conversas casuais de ônibus,e em dado momento ela fala não sei porquê que mora em tal bairro.E eu digo que não conheço tal bairro,e a questiono sobre como é o referido bairro.E ela diz:


-Ah,é uma benção la.Um povo muito bom.Tem a igreja q frequento pertinho de casa,e não tem nenhuma igreja católica..é uma benção!

Ok.Esse blog não tem,nunca teve nem terá uma função religiosa.Sempre procuro,ao falar da vida,dar um sentido filosófico ou no mínimo puramente humano a coisa.Deus eu deixo apenas e somente nas minhas crenças,não quero impor as minhas verdades aqui.Mas uma coisa que é inegável é que o respeito pelo próximo é o mínimo que se pode querer.Não sou católico,minha formação religiosa provém de outra religião,mas me senti absolutamente ofendido pela declaração.Confesso que até murchei na hora em que ela disse isso,e teve um diabinho no meu ombro insistindo para que eu começasse uma discussão e tals.Mas felizmente meu bom senso foi maior.
Não defendo catolicismo.Não defendo nada,só defendo o direito de cada um de ser o que quiser,desde que não invada o meu espaço.E a declaração dessa senhora me fez pensar um bocado de coisas,principalmente na hipocrisia.Ela era evangélica,e sendo ela tão evangélica deveria saber que tem aquela parte na bíblia que diz que devemos amar ao próximo como a nós mesmos.Mas infelizmente,para muitos evangélicos a igreja católica é a ovelha negra das igrejas.Só não é pior do que o espiritismo.Alias,pra quem não gosta de ser interpelado no sabado de manhã por Testemunhas de Jeová,é só dizer que é espírita.Eles literalmente atravessarão a rua quando passarem em frente a sua residência.Sério.
Isso não é um ataque as religiões ok?Mas infelizmente alguns pensamentos são no mínimo revoltantes.Acho que a fé não pode ser subestimada,nem o poder dela.Mas esses conceitos mundanos são a escória das igrejas.A igreja dos homens é falha,a divina é perfeita.E tais atitudes são totalmente mundanas.E absolutamente contra aos ensinamentos de um barbudinho que passou por aqui ha 2010 anos atrás.Se você não crê nisso,tudo bem.Provavelmente você deve crer na força do amor.Assim sendo,no amor não ha discriminações por você ser azul ou laranja,nem por andar por esse caminho ou aquele ali.Ha apenas o respeito e a aceitação irrestrita,e a paz.Preguemos o amor,conseguiremos a paz.Meio hippie isso,me fez lembrar o GRANDE John Lennon

You may say,
I'm a dreamer
But I'm not the only one
I hope some day
You'll join us
And the world will live as one


Que no bom e velho português,seria isso


Você pode dizer
Que eu sou um sonhador
Mas eu não sou o único
Espero que um dia
Você se juntará a nós
E o mundo, então, será como um só


É isso,somos todos iguais.Independente dos caminhos que escolhemos,somos todos iguais.

domingo, 10 de outubro de 2010

Ira!-Bebendo Vinho

Durante boa parte da semana,pelo menos nos momentos em que eu não estive mergulhado em trabalhos e estudos,fiquei pensando qual seria a próxima musica que postaria aqui.Dentre tantos nomes que me ocorreram,apenas essa musica que postarei não tinha nem sequer passado próximo das minhas idéias.Me ocorreu apenas hoje,quando estava resgatando alguns cds que a muito não ouvia,coloca-la aqui.Acho que o Ira! foi uma das grandes bandas nacionais que não mereceram toda a atenção devida,nem todo sucesso merecido.Na minha singela opinião,o Ira! tem uma discografia que se não é impecável,passa muuuuito próximo disso.Curioso também que eles se dizem uma banda post-punk,ou algo nessa linha,mas sempre fizeram um trabalho muito diverso,explorando sonoridades muito diferentes.
O Ira! surgiu em 1981,junto com a explosão do rock brasileiro.Infelizmente,a banda encerrou as suas atividades em 2007,logo após lançar o disco Invisivel DJ.A crítica odiou o disco.Eu adorei.
Aliás,o Ira! tem uma ligação histórica com este que vos escreve.A minha primeira balada foi num show deles,ainda nos bons tempos do Kazebre.Era a turnê do Acústico,e o show foi SENSACIONAL.Um dos mais legais da minha vida,um marco mesmo.Bons tempos.Enfim,a música que apresento pra vocês é uma regravação do Wander Wildner,vocalista do Replicantes.Essa música é muito curiosa pra mim,ela tem um clima meio diferente.Bom,vamos à ela.





Eu vivo sozinho e apaixonado
Não tenho ninguém aqui do meu lado
Meu cachorro Vênus foi roubado
Fiquei um pouco preocupado


Vou me entorpecer bebendo vinho
Eu sigo só o meu caminho
Vou me entorpecer bebendo vinho
Eu sigo só o meu caminho


Chove pra caramba aqui no Rio
Penso no sul aquele frio
A TV diz que vai fazer sol
Não sei se é bom ou é pior


Vou me entorpecer bebendo vinho
Eu sigo só o meu caminho
Vou me entorpecer bebendo vinho
Eu sigo só o meu caminho


No rádio toca o velho rock 'n' roll
Fico pensando aonde estou
Nada satisfaz nesta hora
Se é assim eu vou embora


Vou me entorpecer bebendo vinho
Eu sigo só o meu caminho
Vou me entorpecer bebendo vinho
Eu sigo só o meu caminho