Contemplação

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quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Soneto-Bocage

Um tempo atrás vi esse soneto singelamente estampado numa parede da estação Tatuapé do Metrô.Achei-o devéras interessante,porquê mostra o total descontrole que temos sobre os nossos sentimentos.Ao que me parece,não tem título mesmo tal soneto.



Sobre estas duras, cavernosas fragas,
Que o marinho furor vai carcomendo,
Me estão negras paixões n'alma fervendo
Como fervem no pego as crespas vagas;

Razão feroz, o coração me indagas.
De meus erros a sombra esclarecendo,
E vás nele (ai de mim!) palpando, e vendo
De agudas ânsias venenosas chagas.

Cego a meus males, surdo a teu reclamo,
Mil objectos de horror co'a ideia eu corro,
Solto gemidos, lágrimas derramo.

Razão, de que me serve o teu socorro?
Mandas-me não amar, eu ardo, eu amo;
Dizes-me que sossegue, eu peno, eu morro.


Bocage


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