Contemplação

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domingo, 27 de maio de 2012

Virada Cultural 2012

  Nos dias 5 e 6 de Maio realizou-se na nossa amada capital mais uma Virada Cultural.Segundo a organização, foram 1265 atrações dividas em 253 lugares diferentes,contando-se os pontos no centro de São Paulo,com a rede Sesc e com os CEU's.
  Confesso que este ano não me empolguei tanto com as atrações da virada, e esse mesmo sentimento foi partilhado pela minha amada.O que é uma pena,indiretamente acaba tirando o brilho (para nós,evidente) de uma festa que esse ano se mostrou muito melhor organizada,excluindo dessa afirmação apenas a confusão na galinhada do Atala,no minhocão.Fora isso,era notório uma maior presença de policiais pelas ruas,garis "enxugando gelo" ao tentar manter o centro mais limpo enquanto as pessoas insistiam em sujar, além de uma sinalização mais precisa.A única coisa que não mudou,tomando-se por base os anos anteriores,foram os problemas de som.Creio que os mesmos já fazem parte da festa,dada a constância com que ocorrem.
  Com relação às atrações, a minha atenção e da minha parceira estavam focadas em um único artista: Edy Star, também reconhecido pela alcunha de Edy "Bofélia" (apelido dado ao mesmo pelo Raul Seixas).
  Para a grande maioria que não o conhece,faço aqui um pequeno resumo.Edy é um multi-artista,pois canta,pinta,atua como ator e diretor.É o caso clássico de grande artista nacional esquecido por razões "x" de um país que não tem memória e não valoriza os seus bons talentos.E por este motivo, um artista precioso do porte do Edy fica renegado a fazer pequenos shows em bibliotecas escuras.Ao menos dessa vez a justiça foi feita,e o palco que receberia a apresentação do mesmo era o melhor de toda a virada: o Teatro Municipal.
  Além do Edy,este que voz digita,nos seus anseios musicais exóticos-egoístas,desejava acompanhar de perto mais duas apresentações: o Made in Brazil,que apresentaria na íntegra seu álbum Jack o Estripador (1976); e a Osesp(Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo),regida pelo maestro espanhol Eduardo Portal e com participação da mezzosoprano Luciana Bueno,sendo que estes dois últimos na verdade nem me chamaram tanto a atenção.Meu interesse recaía pela peça que fecharia a sua apresentação: Pictures at an Exhibition,do compositor russo Modest Mussorgski.Essa peça foi interpretada pela banda que há tempos abriu meus olhos para as coisas diferentes que a música pode oferecer,o power-trio Emerson,Lake and Palmer.
  Mochilas prontas,e lá fomos nós.A primeira parada era no show do Made in Brazil,na avenida São João.

Made in Brazil

  O Made é,segundo consta,a banda de rock mais antiga ainda em atividade ininterrupta no Brasil.Estão na estrada desde 1967,sempre segurando a bandeira do Rock e do Blues.
  O show foi muito bom,fato atestado também pela minha senhoura,que nunca havia ouvido falar na existência daqueles senhores estranhos.
  A apresentação foi vigorosa,como todo show de rock'n'roll deve ser.O Made segue à risca as lições dos grandes mestres do rock,fazendo um som simples e direto.Junte esse som clássico com os calos de quem já tem muita poeira da estrada nas vestes,e temos aí uma verdadeira aula de rock'n'roll.
  Nesse show houveram participações especiais,dentre elas destaco a presença do Percy Weiss (grande vocalista brasileiro que na época do disco em questão fazia parte do Made).
  Infelizmente a proposta inicial do show não foi cumprida.O disco Jack o Estripador não pode ser tocado na íntegra,pois alguns atrasos atrapalharam a banda.Fato que ao menos para mim não tiraram o brilho do show.Confesso que foi emocionante poder cantar à plenos pulmões Os Bons Tempos Voltaram e o clássico que na minha humilde opinião é uma das mais belas homenagens que o rock ja recebeu em todo o mundo, A Minha Vida é o Rock'n'Roll ,que já apareceu no blog nesse texto aqui.
  Apenas por curiosidade, esse foi o primeiro show do Made que eu vi.E confesso que fiquei maravilhado com a performance do grande Oswaldo Vecchione (fundador da banda ao lado do seu irmão Celso),que já tem 45 anos só de estrada e ainda conserva a voz bela e potente.Também me chamou a atenção a performance do Johnny Boy nos teclados.Músico velho conhecido no meio roqueiro,recentemente vem se apresentando com o Nasi,e fez ali na Virada a sua primeira apresentação com o Made.A primeira de muitas,espero eu.
  Terminando o show,hora da janta.E até então estávamos meio sem rumo.
  Mal sabíamos o que nos aguardava.

Byafra?!?!?!

  De forma jocosa eu já tinha sugerido este nome.O cantor de voz doce se apresentaria no Largo do Arouche e o show seria num horário próximo ao término do show do Made.E como o show do Edy era apenas a meia noite,e ainda eram algo em torno das 21 horas.Então,com muita coragem e alguma falta de senso,aceitamos a idéia absurda e lá fomos nós.
  O que vimos foi um Arouche muito cheio.Surpreendentemente cheio,diria eu.Não desmerecendo ninguém,mas jamais imaginaria tanta gente assim neste show.
  Mas o mais curioso de tudo foi a composição da platéia,como definiu bem a Folha de São Paulo:

"Uma celebração ao amor gay".

  E de fato,eu nunca vi tanto gay junto.Até comentei com minha namorada que me sentia,no caso, "o diferente" por sermos héteros.Mas o que interessa mesmo é que o show foi divertido,tanto pela platéia quanto pelo cantor.
  Byafra abriu os trabalhos com seu maior clássico,Vôo de Ícaro (aquela do "voar voar,subir subir"),sendo esta a única dele que eu conhecia.Após a execução desta,Byafra desfiou seus sucessos de novelas,os quais minha amada cantou apaixonadamente.
  Em seguida,fez uma homenagem ao grandes compositores dos anos 80,cantando músicas do Cazuza,Lobão,Lulu Santos,entre outros.
  Findo o show,nos dirigimos para o Teatro Municipal.E o melhor da noite ainda nos esperava.

Edy Star

  Conheci o nome "Edy Star" quando ouvi pela primeira vez o álbum A Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez,obra-prima que tinha,além do Edy,Raul Seixas,Sérgio Sampaio e Miriam Batucada.
  Para quem gosta da boa música brasileira creio que seja impossível não conhecer pelo menos dois nomes desses quatro apresentados.Raul nem precisa de apresentações.Sérgio Sampaio é autor do clássico dos festivais "Eu Quero é Botar Meu Bloco na Rua",além de ter uma obra curiosíssima.O álbum de mesmo nome é praticamente obrigatório.
  Quanto à Miriam,confesso que não conheço muita coisa,mas sei do seu renome no samba.E o Edy até então era,para mim,uma grande incógnita.
  Não entendia porque ele fazia parte da banda.De fato não era mau cantor,mas tinha uma voz no mínimo exótica.E pior,na gravação do álbum A Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das Dez o Raul deu uma de suas músicas para o Edy cantar,justamente a música Sessão das Dez,um bolero inspirado e muito divertido.
  Essa incógnita durou até eu ver o Edy cantar O Crivo no Programa do Jô,como pode ser visto no vídeo do link.Essa música é do Raul,mas nunca foi gravada por ele e nem creditada ao mesmo.Quando vi essa apresentação, a voz ainda me soava estranha,mas a presença de palco,interpretação e uma coisa que não se explica muito bem me chamavam muito a atenção,tanto que fiquei curioso com aquela figura tão singular e fui ao youtube procurar a entrevista completa.
  Pronto,aí sim eu comecei a conhecer o Edy Star.De fato é uma dessas figuras únicas,sem definição mesmo.E por sorte,ele faria um show dali a poucos dias no teatro de uma biblioteca perto da minha casa.O show em questão "só" era uma recriação do disco antológico citado no início do texto.
  Novamente minha corajosa companheira se dispôs a ir comigo nessa aventura musical.E ali começo a nossa admiração à esse grande artista.Sua voz ao vivo soa infinitamente melhor,sua presença de palco encanta,sua irreverência diverte.
  Saímos maravilhados daquele teatro,ansiando por uma novo oportunidade de ver esse show.
  E ela veio,de uma forma um pouco diferente.
  Em 1974,3 anos depois do disco com o Raul e toda a trupe,Edy gravou um album com canções feitas por grandes nomes da mpb da época para ele.Dentre esses compositores temos Caetano Veloso,Gilberto Gil,Jorge Mautner,o próprio Raul,entre outros.Tantos nomes de peso servindo à Edy tem explicação:Edy é baiano e quando ainda residia na Bahia era muito famoso pelos seus artesanatos,somado evidentemente ao fato da sua figura exótica contraventora angariar a simpatia dos que o conheciam.Quando foi para o Rio de Janeiro,e após gravar o disco com Raul e a trupe,fez ainda mais sucesso nos seus shows numa boate na praça Mauá,região de prostíbulos que na época era muito famosa e frequentada por todo tipo de artista.
  Enfim,voltando ao disco e ao show,esperávamos ansiosos para o espetáculo.Saímos do Arouche por volta das 22 horas,e nos dirigimos ao teatro.
  Chegando ao teatro,pequena espera do lado de fora,e depois já dentro do mesmo,uma outra pequena espera até sermos liberados para ocupar nossos lugares.Fica aqui o relato da beleza do lugar.Eu já conhecia,minha namorada também,mas ainda assim nos vimos tocados pela imponência que o Municipal tem.É um banquete aos olhos,absolutamente.Quem ainda não conhece tem a OBRIGAÇÃO de conhecer.
  Acesso liberado,nos acomodamos em nossas respectivas poltronas praticamente coladas ao palco e em pouco tempo show começou.E que show!
  Edy,do alto dos seus 74 anos,completando 60 anos de carreira,parecia um menino no palco.Cantou,dançou,sensualizou,divertiu e encantou a todos presentes,em especial um rapaz um tanto quanto retraído que estava a nossa frente,que em alguns momentos perdia a pose machesca e soltava uns "poderosa,arrasou Edy" e afins.Mas de fato,o Edy arrasou.
  Abriu o show com Sessão das Dez,e logo após entrou no album tema da noite, Sweet Edy.No intervalo entre as músicas ele contava algumas histórias com a irreverência que lhe é característica.
  No fim,ou quase no fim,ainda nos brindou com uma grata surpresa.Na música Esses Moços,de Lupcínio Rodrigues (creio eu que essa seja a única música presente no disco que não tenha sido composta para o Edy,mas que foi incluída à pedido do mesmo),surge majestosamente cantando nada menos que Emílio Santiago.Minha mãe,se ali estivesse,iria à loucura.E como canta,voz doce e potente.O dueto ali apresentado foi com certeza memorável.
  No fim do show Edy cantou "Eu não Quero Dizer Nada",outro clássico do disco Kavernista,fechando assim com chave de ouro a noite.E na saída o sentimento que nos tomava era novamente de encantamento,já esperando e ansiando novamente uma oportunidade de ver as peripécias de Edy Star no palco.
  Terminado o show,nos dirigimos à Estação da Luz para tentar ver a exposição de carros antigos.Como nada la havia,dormimos confortavelmente na aconchegante escadaria da estação.
  Pela manhã minha namorada se retirou da festa,pois tinha um compromisso.Então,sozinho,prossegui no meu roteiro.Próxima e última parada,Osesp.

Osesp

  Antes de chegar ao palco onde se apresentaria a Osesp,e por ainda ser cedo demais para ir para lá,dei um pulo no palco da Baratos Afins,na avenida Rio Branco.La tocava o Tomada,banda brasileira de um quase-hard.
  Muito legal,pena que eu ainda não conheço muito.Letras bem feitas,músicos bons,vocal que lembra fisicamente o Phill Collins.Detalhes estéticos à parte,o cara canta muito bem,e com certeza essa é uma banda que merece uma pesquisa mais a fundo.Fica a dica.
  Depois,fui para o Anhangabaú afim de conferir a Osesp.Desse show não há muito o que falar,e a razão é muito simples.O show foi quase um fiasco.
  Das músicas programadas poucas foram tocadas,e a peça que eu esperava tanto ver foi editada,na verdade mutilada.Não que o show tenha sido ruim,muito pelo contrario.Ver a Osesp é sempre uma emoção,além do que curtir a parte final de Pictures At An Exhibition executada por uma orquestra inteira é algo surreal.
  Segundo a Folha,o que atrapalhou o show foi um problema terrível de som,além de um eco from hell que vinha de outros palcos e evidentemente atrapalhava a nós que ouvíamos e a quem tocava.Na minha opinião,esse tipo de show deveria mesmo ser feito em local fechado,como na Sala São Paulo.A acústica desses lugares gera condições de se aproveitar toda a potência sonora de uma grande orquestra,o que tornaria o espetáculo ainda mais incrível.Mas,no fim das contas,mesmo com tantos problemas a experiência foi maravilhosa.
  Com o fim da apresentação da Osesp finda também para mim a festa.Vou-me embora pois não sou de aço,apesar da vontade de ficar e ver o show do Gilberto Gil.Mas mesmo assim vou feliz com mais uma Virada Cultural na bagagem.Já é a minha terceira,e fica aqui registrado o desejo de que esse número se multiplique várias e várias vezes.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

"...amanhã..."

Mas ela diz
Que apesar de tudo ela tem sonhos
Ela diz
Que um dia a gente há de ser feliz


Os versos acima são da música Janaína,do Biquini Cavadão.Quem ainda não conhece,e aqueles que ja conhecem, e se interessam em ouvir podem saciar seus desejos aqui .
Mas coloco esse texto como introdução,e em destaque,porque dias atrás estava eu atentamente ouvindo essa bela canção.E esse trecho me deixou encasquetado.
Não sei porque,mas esse "um dia a gente há de ser feliz" me fez me auto-questionar o quão feliz eu sou.
Na verdade,é difícil mensurar.Como saber se o quanto se é feliz?
Ser feliz é estar sempre de bom humor?Talvez.
Ser feliz é ter dinheiro?Essa me arrisco a responder,e definitivamente não é.Caso fosse,eu estaria deprimido constantemente,fato que não acontece,muito pelo contrário.
Não da pra afirmar categoricamente o que é ser feliz,mas eu creio que seja uma junção de coisas.A mistura de ingredientes certos que resultam num elixir do bem estar.
Acho que ser feliz é ser alegre.
Evidente.
Mas também ter outras coisas,como pessoas em que se pode confiar,e especialmente uma pessoa que se confia cegamente.
Ser feliz é amar,é saber que nem tudo são flores e que certamente você vai sofrer muito no caminho,mas amar a tudo e a todos como se fosse o último dia.Porque vai saber né,de repente é o último dia mesmo...
Ser feliz é rir muito quando deve-se rir,e chorar muito quando deve-se chorar.E principalmente,dar a alegria ou a dor o seu tamanho exato,e não deixar nem uma nem outra te fazer esquecer o que é real e o que é fantasia.A alegria e a tristeza podem cegar,e certamente qualquer um pode lembrar de algum momento da sua vida em que se deixou lembrar por suas próprias fantasias e exageros.
Ser feliz é estar disposto a se doar e aprender a receber doações.Cuidar e deixar ser cuidado.Ter o mínimo senso de que algumas pessoas tem muito valor para você,e que você tambem tem muito valor para algumas pessoas.Ter ciência do seu valor para algumas pessoas não é o popular "se achar",mas faz com que se tome cuidado com o que se diz para essas pessoas,evita mágoas.
Ser feliz é entender que o que temos hoje é o melhor que poderíamos ter.E se não é bom,fazer o melhor que podemos para melhorar.E aceitar e curtir o momento,afinal só se pode viver com o que se tem em mãos,e ficar esperando para ser feliz amanhã só nos causa ansiedade,faz com que percamos um precioso tempo.
Sei que o que escrevi são bobagens.Mas são as bobagens que eu sinto e uso como ideologia.São essas bobagens que me fazem acordar toda manhã,e por mais cansado que eu esteja,manter um humor razoável.Essas bobagens que me fazem amar e respeitar meus semelhantes,me fazem cuidar de quem amo,e cuidar de mim mesmo.
No fim das contas,essas bobagens é que me fazem feliz.

domingo, 13 de maio de 2012

Pictures of a City

São Paulo com certeza é uma cidade ímpar.Aqui se vê de tudo,se ouve de tudo e pra quem gosta da coisa,se cheira ou se fuma de tudo.
E como toda cidade grande que se preze,o melhor de São Paulo é o que se encontra por trás das câmeras.Os fatos inusitados e as figuras inusitadas dessa cidade é que,ao meu ver,dão O tom diferenciado.
A idéia desse texto,anunciado ou capitaneado pelo título de uma música do King Crimson ( ouça aqui ) é trazer à tona algumas cenas ou pessoas que vemos pela paulicéia desvairada e que normalmente nem prestamos atenção,imersos como estamos na correria louca do dia-a-dia.A escolha dessa música se dá porque primeiramente,eu adoro ela.E porque acho também que ela tem uma cara de cidade grande,meio louca.
Sempre que eu postar algo relacionado à essas personagens usarei o mesmo título e um marcador de mesmo nome.A diferença é que no título será acrescentado o número correspondente ao "capítulo" em questão.A idéia é trazer pelo menos 3 imagens diferenciadas em cada capítulo.Não garanto uma frequência digna,mas farei o possível.
Enfim,vamos às primeiras imagens.E começo tirando um barato de mim mesmo.


Pictures of a City #1


"Músicos Urbanos"

Ao meu ver,uma das grandes invenções do homem é o fone de ouvido.Infelizmente tal tecnologia é absolutamente desconhecida no meio funkeiro,mas este que voz digita faz amplo uso desta ferramenta de exclusão social.
O grande barato do fone é poder ouvir sua música num volume ensurdecedor.Mas como dizia Newton,"toda ação equivale a uma reação".Logo,ao ouvir minhas músicas,meu lado baixista/baterista/tecladista e vocalista toma conta da minha sanidade e das minhas funções motoras.Algo como um Dr. Jekyll e Mr Hyde(Médico e o Monstro),sendo que a minha poção mágica é a música.Ou seja,saio por ai tocando meus instrumentos ridiculamente interpretando com paixão cada nota.
Vez por outra percebo ser observado,como agora vindo para a faculdade,quando uma moça estava caminhando em minha direção.Celular na mão,sorriso na boca e expressão de dó ao passar por mim,enquanto eu tocava baixo e fazia vocal numa música que não me recordo mais.
Só não me deprimo com isso pois ja vi gente bem pior por ai.Bateiristas,dançarinos,guitarristas e baixistas imaginários,e uma descendente de italianos muito próxima a mim que confessou cantar baixinho no metrô/ônibus,fazem parte dessa loucura saudável de curtir seu som por aí numa boa.
Sem grilos.


O Negócio é Vender

Uma coisa que eu acho devéras engraçado é aquele tipo de instalação provisória para venda de apartamentos.Sei que é meio nonsense se apegar a um tema assim,mas analisem:
Uma tenda,com uma daquelas lonas ou algo parecido,armada em um terreno naturalmente pavimentado com terra,grama,alguns buracos e pedras para darem um charme.Dentro das tendas,homens e mulheres bem-vestidos esperando ansiosamente compradores.Para acomodar os visitantes mesas e cadeiras de plástico,típicas e comuns aos churras com pagode no bar da esquina.
Melhor ainda é a expressão de pompa dos vendedores,que fazem de tudo para não perder a pose em nenhum momento.Uma soberba,sei la.
Me parece aqueles personagens de novela,que estão quebrados e fazem de tudo para aparentar que ainda estão bem financeiramente.

Guaianazes-7 da Manhã

Eu sei que quem ler o que vou escrever vai achar que sou fresco e que essa atitude é a mais normal e comum do mundo.OK,tudo bem,mas eu não me conformo com a selvageria das pessoas.Explico.
Eu estagío,não sei se esse termo existe,em Poá.Meu trajeto é o seguinte:
-Metro:Vila Matilde => Brás;
-Trem:Brás =>Guaianazes => Poá.
Quando o trem chega em Guaianazes se faz necessária uma troca de composição.Ou seja,atravessa-se uma plataforma apenas,e troca-se de trem.Não entendo muito bem a lógica dessa necessidade,ja que a linha que vem do Brás faz ligação direta com a linha que segue rumo a Estudantes (estação final de quem segue rumo a Poá),mas tudo bem.
Acontece que Guaianazes por volta das 7 da manhã é o terror.Os trens sentido Luz saem completamente lotados.
Por sorte,eu viajo no contrafluxo.Então,desço em Guaianazes enquanto passageiros desenfreados entram no trem,sentido Luz.Tenho certeza que,com exatamente dois meses fazendo esse trajeto diariamante,eu só estou ainda aqui escrevendo graças à ideia genial que a CPTM teve em preservar a primeira porta de cada vagão para a descida em Guaianazes.Porque,dada a selvageria com que é feita a entrada desses passageiros no trem,provavelmente eu não estaria aqui são e salvo.
Sério,é incrível como a busca por um lugar para se sentar leva as pessoas a praticamente agredirem-se.
A falta de educação ou civilidade dá-se não só na entrada,mas na saída também.Comumente vejo pessoas querendo entrar no vagão enquanto os outros saem ou não dão espaço para as pessoas sairem...É triste.
Aliás,nessa atitude de não dar espaço para sair,ja vi uma senhora cair sentada na plataforma,atropelada pelo estouro da manada.Sordidamente eu ri e ainda falei baixinho um "bem feito",mas é triste isso.Essa falta de civilidade me assusta e me entristece.
Não que eu seja perfeito,não que eu seja O exemplo.Mas poxa,meus pais me educaram muito bem,e o mínimo do que eles me ensinaram eu carrego e USO no meu dia-a-dia.Enfim.
Enquanto as coisas não mudam,se é que vão mudar,eu continuo sempre viajando de pé.