Contemplação

Contemplação

domingo, 13 de maio de 2012

Pictures of a City

São Paulo com certeza é uma cidade ímpar.Aqui se vê de tudo,se ouve de tudo e pra quem gosta da coisa,se cheira ou se fuma de tudo.
E como toda cidade grande que se preze,o melhor de São Paulo é o que se encontra por trás das câmeras.Os fatos inusitados e as figuras inusitadas dessa cidade é que,ao meu ver,dão O tom diferenciado.
A idéia desse texto,anunciado ou capitaneado pelo título de uma música do King Crimson ( ouça aqui ) é trazer à tona algumas cenas ou pessoas que vemos pela paulicéia desvairada e que normalmente nem prestamos atenção,imersos como estamos na correria louca do dia-a-dia.A escolha dessa música se dá porque primeiramente,eu adoro ela.E porque acho também que ela tem uma cara de cidade grande,meio louca.
Sempre que eu postar algo relacionado à essas personagens usarei o mesmo título e um marcador de mesmo nome.A diferença é que no título será acrescentado o número correspondente ao "capítulo" em questão.A idéia é trazer pelo menos 3 imagens diferenciadas em cada capítulo.Não garanto uma frequência digna,mas farei o possível.
Enfim,vamos às primeiras imagens.E começo tirando um barato de mim mesmo.


Pictures of a City #1


"Músicos Urbanos"

Ao meu ver,uma das grandes invenções do homem é o fone de ouvido.Infelizmente tal tecnologia é absolutamente desconhecida no meio funkeiro,mas este que voz digita faz amplo uso desta ferramenta de exclusão social.
O grande barato do fone é poder ouvir sua música num volume ensurdecedor.Mas como dizia Newton,"toda ação equivale a uma reação".Logo,ao ouvir minhas músicas,meu lado baixista/baterista/tecladista e vocalista toma conta da minha sanidade e das minhas funções motoras.Algo como um Dr. Jekyll e Mr Hyde(Médico e o Monstro),sendo que a minha poção mágica é a música.Ou seja,saio por ai tocando meus instrumentos ridiculamente interpretando com paixão cada nota.
Vez por outra percebo ser observado,como agora vindo para a faculdade,quando uma moça estava caminhando em minha direção.Celular na mão,sorriso na boca e expressão de dó ao passar por mim,enquanto eu tocava baixo e fazia vocal numa música que não me recordo mais.
Só não me deprimo com isso pois ja vi gente bem pior por ai.Bateiristas,dançarinos,guitarristas e baixistas imaginários,e uma descendente de italianos muito próxima a mim que confessou cantar baixinho no metrô/ônibus,fazem parte dessa loucura saudável de curtir seu som por aí numa boa.
Sem grilos.


O Negócio é Vender

Uma coisa que eu acho devéras engraçado é aquele tipo de instalação provisória para venda de apartamentos.Sei que é meio nonsense se apegar a um tema assim,mas analisem:
Uma tenda,com uma daquelas lonas ou algo parecido,armada em um terreno naturalmente pavimentado com terra,grama,alguns buracos e pedras para darem um charme.Dentro das tendas,homens e mulheres bem-vestidos esperando ansiosamente compradores.Para acomodar os visitantes mesas e cadeiras de plástico,típicas e comuns aos churras com pagode no bar da esquina.
Melhor ainda é a expressão de pompa dos vendedores,que fazem de tudo para não perder a pose em nenhum momento.Uma soberba,sei la.
Me parece aqueles personagens de novela,que estão quebrados e fazem de tudo para aparentar que ainda estão bem financeiramente.

Guaianazes-7 da Manhã

Eu sei que quem ler o que vou escrever vai achar que sou fresco e que essa atitude é a mais normal e comum do mundo.OK,tudo bem,mas eu não me conformo com a selvageria das pessoas.Explico.
Eu estagío,não sei se esse termo existe,em Poá.Meu trajeto é o seguinte:
-Metro:Vila Matilde => Brás;
-Trem:Brás =>Guaianazes => Poá.
Quando o trem chega em Guaianazes se faz necessária uma troca de composição.Ou seja,atravessa-se uma plataforma apenas,e troca-se de trem.Não entendo muito bem a lógica dessa necessidade,ja que a linha que vem do Brás faz ligação direta com a linha que segue rumo a Estudantes (estação final de quem segue rumo a Poá),mas tudo bem.
Acontece que Guaianazes por volta das 7 da manhã é o terror.Os trens sentido Luz saem completamente lotados.
Por sorte,eu viajo no contrafluxo.Então,desço em Guaianazes enquanto passageiros desenfreados entram no trem,sentido Luz.Tenho certeza que,com exatamente dois meses fazendo esse trajeto diariamante,eu só estou ainda aqui escrevendo graças à ideia genial que a CPTM teve em preservar a primeira porta de cada vagão para a descida em Guaianazes.Porque,dada a selvageria com que é feita a entrada desses passageiros no trem,provavelmente eu não estaria aqui são e salvo.
Sério,é incrível como a busca por um lugar para se sentar leva as pessoas a praticamente agredirem-se.
A falta de educação ou civilidade dá-se não só na entrada,mas na saída também.Comumente vejo pessoas querendo entrar no vagão enquanto os outros saem ou não dão espaço para as pessoas sairem...É triste.
Aliás,nessa atitude de não dar espaço para sair,ja vi uma senhora cair sentada na plataforma,atropelada pelo estouro da manada.Sordidamente eu ri e ainda falei baixinho um "bem feito",mas é triste isso.Essa falta de civilidade me assusta e me entristece.
Não que eu seja perfeito,não que eu seja O exemplo.Mas poxa,meus pais me educaram muito bem,e o mínimo do que eles me ensinaram eu carrego e USO no meu dia-a-dia.Enfim.
Enquanto as coisas não mudam,se é que vão mudar,eu continuo sempre viajando de pé.

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